quinta-feira, 19 de março de 2015

A “oitava Palavra” de Jesus

Ir. Mariana Morazzani Arráiz, EP - 2015/03/06
  
Aturdido e sem rumo, Barrabás caminha pelas ruas de Jerusalém quando, de repente, escuta o lúgubre rufar de tambores anunciando uma crucifixão. E pensa: "Bem poderia ter sido eu...".
Ir. Mariana Morazzani Arráiz, EP
Barrabás, famoso ladrão e assassino, o pior criminoso que Israel conhecera, encontra- se encarcerado na Torre Antônia, em Jerusalém. Era então costume entre os judeus, por ocasião da Páscoa, conceder a liberdade a algum preso, em memória da saída dos israelitas do cativeiro no Egito. O procurador romano na Judeia, Pôncio Pilatos, propõe dois nomes para o povo escolher: Barrabás ou Jesus.
Sergio Hollmann
Jesus carregando a Cruz.jpg
Jesus carregando a Cruz, por Simone Martini - Museu do Louvre, Paris
Símbolo da ilegalidade, motivo de terror para todos, cujo aprisionamento constituía o alívio e a segurança da região, o maior malfeitor da época é contraposto Àquele que perdoava os pecados, curava leprosos, cegos e paralíticos, ressuscitava mortos e andara "por toda a parte, fazendo o bem" (At 10, 38)?
Ora, qual a gratidão suscitada por tantos ensinamentos, favores e milagres? O populacho, a uma voz, prefere Barrabás...
Surpresa e pânico do bandido
Podemos conjecturar a reação do chefe da prisão ao receber a ordem do magistrado romano de liberar naquele mesmo dia o terrível bandido.
— Soltar esse homem por causa de um absurdo costume judaico? Esse criminoso vai repetir suas loucuras! Vão se arrepender... Mas, enfim, cabe-me só cumprir ordens. Vamos!
Desce até o calabouço do Pretório e introduz a chave na fechadura de uma cela. Rangendo, abre-se a porta do repugnante recinto e o carcereiro chama:
— Barrabás!
Com os cabelos desalinhados, o olhar desvairado e cheio de terror, balbucia o delinquente:
— Vou ser crucificado?!
— Não! Fora daqui! — responde o guarda com rudeza e desgosto.
— Mas... o que vão fazer comigo?
— Fora!
Saindo, trêmulo, ainda indaga:
— O que aconteceu?
— Estás livre! Vá para a rua!
— Eu, livre? Eu, que já sentia as cordas nas minhas mãos e experimentava prematuramente a asfixia da crucifixão pela qual iria morrer! Eu, solto depois de tudo o que fiz? Eu, Barrabás, homicida detestado por todo o mundo?... Vou cobrir um pouco a cabeça para não ser reconhecido na rua... Preciso me disfarçar para sair, pois podem me matar. Mas... estou livre! Será possível? Eu me apalpo e vejo que... é verdade!
Sem rumo fixo, caminha aturdido pelas ruas de Jerusalém quando, de repente, escuta não muito longínquo o lúgubre rufar de tambores:
— O que é isso? O anúncio de uma crucifixão? Estão levando alguém para o suplício!
Experimentando um calafrio de pavor, suspira:
— Poderia ter sido eu... Oh, horror!
Continua em direção à turbamulta, que está quase chegando no Monte Calvário. Ao se aproximar, percebe a identidade do condenado: é Jesus de Nazaré... e vai ser crucificado!
A "oitava Palavra"
Se uma graça fulgurante de arrependimento rasgasse a sordidez de sua alma endurecida e nela penetrasse, Barrabás, cheio de compunção, ter-se-ia lançado aos pés de Nosso Senhor Jesus Cristo, já deitado sobre o madeiro da Cruz.
Nesse momento, o Divino Redentor estaria experimentando em suas divinas mãos e adoráveis pés as inenarráveis dores ocasionadas pela perfuração dos pregos. Mas isso não O impediria de pousar seu sacratíssimo olhar na figura horrenda daquele a quem a perfídia dos homens tinha preferido a Ele, Jesus, o Filho de Deus, a Beleza Infinita.
Sob o influxo de tal graça, o criminoso, ajoelhado, diria:
— Senhor, eu deveria estar sendo crucificado e não Vós! Vós ireis morrer por mim quando sou eu, infame, merecedor desse castigo por meus pecados! Senhor, perdão por tanta maldade! Senhor, eu me arrependo, detesto meus crimes e quero me assemelhar a Vós!
E o Salvador teria pronunciado aí a primeira das Palavras, que não mais seriam sete, como registram os Evangelhos, mas oito; de seus divinos lábios brotaria esta manifestação de poder, bondade e amor infinitos:
— Meu filho, vá porque teus pecados estão perdoados! Vá porque soubeste aceitar as graças de penitência e de arrependimento que Eu mesmo para ti suscitei! Vá e não peques mais!
Somos também "barrabases"
A História não conta qual foi o destino de Barrabás uma vez fora da prisão. Ignoramos se continuou na esteira dos crimes e desvarios que o caracterizavam, enchendo novamente de sobressalto e pavor o povo que clamara por sua libertação, ou se houve uma conversão semelhante à que acabamos de imaginar.
Uma coisa é certa: a cada ano, na liturgia da Semana Santa, ao ser mencionado o nome do bandido na leitura da Paixão segundo São João, vibram os corações e ardem em desejos de vingar e reparar tamanha ignomínia.
É justo, porém, descarregarmos toda a nossa ira sobre o terrível criminoso, esquecendo que fomos nós também "barrabases" em algum momento da vida? Não ofendemos brutalmente o Coração de Jesus ao cometer um pecado ou ao apegar- -nos a um vício? E não agimos como o povo judeu escolhendo o famoso malfeitor, ao trocar a obediência aos Mandamentos por uma transgressão grave e voluntária à Lei?
Se alguma vez pecamos gravemente contra algum Mandamento da Lei de Deus, somos comparáveis a Barrabás e àqueles que o preferiram a Jesus! Deveríamos estar sendo crucificados, quando é Ele, ao contrário, que sofre por nós! Que terrível verdade: ao pecar, prefiro Barrabás como meu amigo e crucifico a Jesus em minha alma!
  David Domingues
Crucifixão.jpg
Crucifixão - Igreja Matriz de Matosinhos
(Portugal)
Em vista disso, o que farei? Formular essa pergunta é fruto de uma graça que parte de Jesus em direção a mim. Diante dela só cabe uma súplica à Mãe do perdão e da divina graça, cujos rogos me obtiveram esse benefício:
"Oh, Virgem Santíssima, minha Mãe, dai-me a convicção de que só existem dois caminhos: um é o de Barrabás e outro, o de Jesus.
"Quando vosso Divino Filho voltar no fim dos tempos para exercer o julgamento de todos os homens, reunidos no Vale de Josafá e não mais no Pretório de Pilatos, a humanidade estará dividida entre os que O quiseram crucificar e se entregaram ao pecado, e aqueles que aceitaram o convite de seu divino e arrebatador olhar, e quiseram viver sempre na sua graça e na prática da virtude.
"Pelos méritos infinitos da Paixão, fazei que eu esteja entre estes últimos!
"E se tiver a desgraça de Vos ofender, que eu me aproxime, com toda pressa, do Sacramento da Penitência e possa, arrependido e humilhado, ouvir aquela 'oitava Palavra' dirigida ao hipotético Barrabás convertido: 'Vá, meu filho, minha filha, teus pecados estão perdoados!'".

Adaptação da palestra pronunciada por Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, em 27/5/1990

(Revista Arautos do Evangelho, Março/2015, n. 159, p. 16 à 18)

Evangelho Diário

Santo do dia: São José, esposo da Bem-Aventurada Virgem Maria, Padroeiro da Igreja Universal; Beato Marcelo Callo, mártir
Cor litúrgica: branco
Evangelho de Hoje: São Mateus 1, 16.18-21.24
Primeira leitura: Samuel 7, 4-5.12-14.16
Leitura do segundo livro de Samuel:
Naqueles dias, 4a Palavra do Senhor foi dirigida a Natã nestes termos: 5a“Vai dizer ao meu servo Davi: ‘Assim fala o Senhor: 12Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza. 13Será ele que construirá uma casa para o meu nome, e eu firmarei para sempre o seu trono real. 14aEu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. 16Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre’”.

- Palavra do Senhor
- Graças a Deus
Salmo 88 (89)
— Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, de geração em geração eu cantarei vossa verdade! Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!” E a vossa lealdade é tão firme como os céus.
R: Eis que a sua descendência durará eternamente.
— “Eu firmei uma Aliança com meu servo, meu eleito, e eu fiz um juramento a Davi, meu servidor. Para sempre, no teu trono, firmarei tua linhagem, de geração em geração garantirei o teu reinado!”
R: Eis que a sua descendência durará eternamente.
—Ele, então, me invocará: “Ó Senhor, vós sois meu Pai, sois meu Deus, sois meu Rochedo onde encontro a salvação!” Guardarei eternamente para ele a minha graça e com ele firmarei minha Aliança indissolúvel.
R: Eis que a sua descendência durará eternamente.
Segunda leitura: Romanos 4, 13.16-18.22
Leitura da carta de São Paulo aos Romanos:
Irmãos, 13não foi por causa da Lei, mas por causa da justiça que vem da fé que Deus prometeu o mundo como herança a Abraão ou à sua descendência. 16É em virtude da fé que alguém se torna herdeiro. Logo, a condição de herdeiro é uma graça, um dom gratuito, e a promessa de Deus continua valendo para toda a descendência de Abraão, tanto para a descendência que se apega à Lei, quanto para a que se apoia somente na fé de Abraão, que é o pai de todos nós. 17Pois está escrito: “Eu fiz de ti pai de muitos povos”. Ele é pai diante de Deus, porque creu em Deus que vivifica os mortos e faz existir o que antes não existia. 18Contra toda a humana esperança, ele firmou-se na esperança e na fé. Assim, tornou-se pai de muitos povos, conforme lhe fora dito: “Assim será a tua posteridade”. 22Esta sua atitude de fé lhe foi creditada como justiça.
- Palavra do Senhor
- Graças a Deus
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 1, 16.18-21.24
- Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo, palavra de Deus!
- Felizes os que habitam vossa casa, para sempre eles hão de vos louvar! (Sl 83, 5)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus:
16Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo. 18A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria em segredo. 20Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo.21Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”.24aQuando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

segunda-feira, 2 de março de 2015

Intenções do Papa Francisco: - Março de 2015 -

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Universal:
Cientistas ao serviço do bem

 Para que todos aqueles que se
dedicam à investigação científica
se ponham ao serviço do bem
integral da pessoa humana.

Pela Evangelização:
Contributo da mulher
na Igreja


Para que se reconheça cada vez mais
o contributo específico da mulher
na vida da Igreja.
* * * *
Todos os meses o Papa confia suas intenções ao apostolado da oração. Esta iniciativa é
seguida por milhões 
de fiéis em todo mundo.

“Ouvir Cristo comporta assumir a lógica de seu mistério pascal”, afirma Papa no Angelus

Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 02-03-2015, Gaudium Press) - Numa Roma de manhã ensolarada e com uma temperatura amena, a Praça São Pedro ficou repleta com milhares de fiéis e peregrinos que vieram rezar com o Papa a oração mariana do Ângelus, nesse primeiro de fevereiro, segundo domingo da quaresma.
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Antes de rezar o Ângelus, o Papa Francisco lembrou que a liturgia do dia tratava do Transfiguração de Cristo. Foi ai que o Pontífice fez uma recomendação aos fiéis que o ouviam: "Despojar-se dos bens mundanos para conquistar uma autêntica liberdade interior".

Francisco exortou os fiéis: "Escutem Jesus, é Ele o Salvador, sigam-no!". E exortou a todos: "ouvir Cristo comporta assumir a lógica de seu mistério pascal, colocar-se em caminho com Ele para fazer da própria existência um dom de amor aos outros, em dócil obediência à vontade de Deus, com atitude de despojamento das coisas mundanas e de liberdade interior".

O Papa aprofundou seu pensamento dizendo que "é preciso estar pronto a perder a própria vida para que se realize o plano divino da redenção de todos os homens".

Ao tratar do trecho do Evangelho que trata da Transfiguração de Jesus no monte Tabor, Francisco convidou todos para uma transfiguração pessoal: "Subamos nós também ao monte da Transfiguração e paremos para contemplar o rosto de Jesus, para colher a mensagem e traduzi-la em nossa vida, para que nós também possamos ser transfigurados pelo Amor".

As palavras finais de sua exortação foram para garantir que "Jesus nos conduz sempre à felicidade. Ele não nos engana: nos prometeu a felicidade e a dará, se seguirmos em seu caminho". (JSG)

Da Redação Gaudium Press, com informações Rádio Vaticano