“Que o
Senhor não nos encontre dormindo, mas vigilantes”, diz padre Mário destacando o
Advento como tempo de vigilância e obras de caridade
Padre
Mário Marcelo Coelho, scj
Doutor em Teologia Moral
Doutor em Teologia Moral
“Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo:
alegrai-vos!
O Senhor está perto”
O Senhor está perto”
O termo Advento vem do latim adventum que
significa vinda ou chegada e refere-se às quatro semanas antes do Natal. Pelo
Advento, nos preparamos para celebrar a primeira vinda do Senhor, ou seja, o
Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo e a expectativa da segunda vinda do Senhor.
Por isso a característica deste tempo, com o qual começa o ano da Igreja, é a
penitência como preparação para receber Aquele que está para vir. O caráter
penitencial do advento é acentuado pela cor litúrgica, que é o roxo.
O tempo de Advento recorda-nos a realidade de um
Senhor que vem ao encontro dos homens e que, no final da nossa caminhada por
esta terra, nos oferecerá a vida definitiva, a felicidade sem fim. O tempo do
Advento é, também, o tempo da espera do Senhor. A palavra fundamental é
“vigilância”: o verdadeiro discípulo deve estar sempre “vigilante”, cumprindo
com coragem e determinação a missão que Deus lhe confiou. Estar “vigilante” não
significa, contudo, preocupar-se em ter sempre a “alma” limpa para que a morte
não o apanhe com pecados; mas significa viver sempre ativo, empenhado,
comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de paz.
Pedagogicamente dizendo, advento é um tempo que a
Liturgia dispõe à Igreja com a finalidade de preparar os cristãos para a
celebração do Natal. Como é natural, trata-se de uma preparação espiritual,
incentivando os católicos a preparar o coração e a alma para o encontro com o
Senhor. Mas, não é somente preparação do Natal. No caso do Advento, estamos diante
de dois aspectos desta preparação: aquela da 2ª vinda e que Paulo escreve aos
Tessalonicenses sobre o “Dia do Senhor”, o dia do juízo final, quando nos
encontraremos face a face com Deus (1Ts 5,1-6) e, a preparação da 1ª vinda, que
celebramos no Natal.
Quanto ao primeiro aspecto do Advento, de
preparar-se para a 2ª vinda do Senhor, a vigilância espiritual pode ser
considerada a partir do cuidado em vista do encontro final com o Senhor, no
Final dos Tempos. Para isso, é preciso ficar atentos aos sinais dos tempos,
como o próprio Jesus adverte, e o melhor meio para não se descuidar e nem se
distrair dos sinais dos tempos é pela vigilância espiritual. Por vigilância
espiritual entende-se o cuidado, para que o nosso espírito não se afaste das
coisas de Deus, mas se mantenha fiel ao projeto divino. São muitas as ocasiões
para distrair-se das coisas de Deus, podendo nos anestesiar daquilo que é
divino e descuidar-nos de alimentar nosso espírito com as coisas do alto.
O Advento é tempo para incentivar com mais intensidade
a oração, a leitura da Palavra, a penitência e as obras de caridade. A
vigilância é feita preferencialmente com a oração e, a oração nos mantém
acordados para o encontro do Senhor, em sua 2ª vinda.
Quanto ao segundo aspecto do Advento, da preparação
para o Natal de Jesus, é a alegria da nossa salvação pela encarnação do Verbo
de Deus. Neste tempo que a publicidade natalina vem alimentar nosso espírito
com “belas” e “boas” mensagens de tempos novos, repletos de paz e de harmonia
fraterna, é preciso ficar atentos para não nos alimentar com fantasias e
imagens enganosas. O alimento espiritual deste tempo que nos aproxima do Natal
não pode se limitar a poesias ou mensagens vazias. Precisa de algo mais sólido
como a oração diária, a meditação da Palavra de Deus e as obras de caridade.
A coroa do Advento
A coroa do Advento, que recebe uma vela a cada
domingo antes do Natal / Foto: Arquivo
Um dos muitos símbolos do Natal é a coroa do
Advento que, por meio de seu formato circular e de suas cores, expressa a
esperança e convida à alegre vigilância. Na confecção da coroa são usados ramos
de pinheiro e cipreste, únicas árvores cujos ramos não perdem suas folhas no
outono e estão sempre verdes, mesmo no inverno, ou seja, mesmo em tempos
difíceis. Os ramos verdes são sinais da vida que resiste; são sinais da
esperança. A coroa é envolvida com uma fita vermelha que lembra o amor de Deus
que nos envolve e nos foi manifestado pelo nascimento de Jesus. Na coroa, são
colocadas quatro velas referentes a cada domingo que antecede o Natal. A luz
vai aumentando à medida em que se aproxima o Natal, festa da luz que é Cristo,
quando a luz da salvação brilha para toda humanidade.
Quanto às cores das quatro velas, a mais usada é a
cor vermelha. Em alguns lugares costumava-se usar velas nas cores roxa e uma
vela cor rósea referente ao terceiro domingo do Advento, quando celebra-se o
“Domingo Gaudete” (Domingo da Alegria), a alegria de quem se sente
perdoado. O terceiro domingo se inicia com a seguinte proclamação: “Alegrai-vos
sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto”.
Estando já próxima a chegada do Homem-Deus, a Igreja pede que “a bondade do
Senhor seja conhecida de todos os homens”. Atualmente em muitos lugares tem-se
usado cada uma de uma cor.
O tempo do Advento quer sensibilizar-nos para a
celebração do Natal do Senhor e para a segunda vinda de Jesus. O apelo que
Cristo nos lança à vigilância é para ser tomado bem a sério. Que o Senhor não nos
encontre dormindo, mas vigilantes. Este é o convite que Jesus nos faz:
“Vigiai!” Como os Profetas, Maria, José, os pastores, os Reis Magos… Se
vigiamos, o nosso presente e o nosso futuro encontrar-se-ão. É isso a
Esperança.
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